Após entender o que é efetivamente um webdoc e criar um esboço para o seu projeto, é hora de entender um pouco mais do Klynt e suas limitações. Vale lembrar que o Klynt é apenas um de vários softwares e técnicas possíveis para criar esse tipo de narrativa, mas que ele foi escolhido por sua popularidade no meio.
Como você viu na postagem anterior, um projeto tradicional no Klynt é feito como um site tradicional em Html no qual a entrada se dá por uma homepage. A partir dessa você pode escolher para onde vai seguir através dos links que você construir nessa página inicial.
A diferença é que ao contrário da estrutura textual de um site, no Klynt o ambiente favorece o uso de imagens e vídeos. O Gif abaixo mostra um trabalho experimental de webdoc que eu fiz em 2016, mais especificamente a sua homepage. Nesta, eu dividi a tela em seis quadros, que levavam a 6 outras páginas. Nada muito diferente do que aconteceria em um site ou um DVD.
Ainda sim, tenho percebido que usar essa dinâmica de apresentação pode ser um pouco contraproducente. Não apenas porque o editor de texto do Klynt é bem limitado,mas porque um dos chamarizes do Klynt parece ser fugir de padrões conhecidos de montagem de imagem para a web.
Dentro desses aspectos experimentais, as interações são um dos aspectos que fazem o Klynt se destacar. Porém é preciso tomar muito cuidado no primeiro momento, pois apesar de sua disponibilidade,é difícil incluir esse adicional no nosso processo criativo já viciado.
Acostume-se com as limitações da plataforma criando projetos constantemente
Para introjetar essa limitação da minha própria narrativa eu resolvi então tentar criar o máximo possível de formatos diferentes no Klynt, que serão apresentados aqui com o passar das publicações. Já fiz desde projetos grandes como o webdoc do início do post até o que chamo de micro-narrativas, que é um dos jeitos mais interessantes de se entender mais rapidamente os limites do software. Então eu parti de minha preocupação maior:
É possível criar uma foto interativa no Klynt?
Isso é, uma foto que, ao ser tocada, algo acontecesse com ela? Ao invés de pensar de forma macro, imaginando um projeto narrativo amplo e trabalhoso, tentei delimitar o experimento ao básico de uma foto e um vídeo sem áudio, sem supérfluos como texto, homepage ou mesmo design gráfico. No projeto intitulado “Taumatrópio” eu tentei criar uma ilustração interativa da obra política do artista Alex Frechette, de forma que esta pudesse ser usada para expor sua obra em blogs e outros textos explicativos. Como que eu resolvi isso?
Usando apenas de UMA interação, que transformava uma foto (na verdade um frame do vídeo) em um vídeo e vice-versa, eu cheguei ao resultado final, que pode ser visto no gif abaixo e no link a seguir.
Eu acredito que esse tipo de exercício é importante porque ele ajuda a delinear com mais rapidez um pensamento que inclua interatividade e também que tente fugir dos padrões tradicionais de apresentação com texto, áudio e imagens. Mais ainda, força você a perceber as limitações do Klynt no que tange à edição de texto, tempo de resposta para as interações fazerem efeito e outros detalhes que apenas mexendo você irá entender.
Além do mais, é importante ter em mente que a internet no Brasil é cara, lenta e de má qualidade, o que precisa ser levado em conta na hora de produzir um webdoc. Um projeto grande e pesado, além do tempo necessário para produção, pode ser simplesmente esquecido se ele demorar muito para carregar. Portanto, nesse primeiro momento de interesse, é sugerível criar o máximo possível de projetos pequenos para experimentar in loco todas as limitações do Klynt enquanto software.
Na próxima postagem vamos ver quais são os potenciais do Klynt enquanto software.