Entre 21 e 23 de março, tive a oportunidade de participar mais uma vez do congresso i-Docs, em Bristol, onde Sandra Gaudenzi coordenou um painel sobre a metodologia adotada no !F Lab nos últimos anos – programa de referência internacional de desenvolvimento de projetos interativos e imersivos. Essa viagem da início a um projeto de pesquisa-ação que coordeno com a Sandra chamado !F Bug Lab, financiado pela British Academy. Ele culmina na realização em outubro deste ano em um laboratório similar no Rio de Janeiro no âmbito da Mostra Bug. Vou compartilhar aqui alguns posts ao longo do ano sobre essa experiência.
O i-docs existe desde 2011 e se transformou em um dos principais encontros sobre narrativas interativas no mundo. Organizado pelo Digital Cultures Research Centre da University of West England, o congresso tem uma ampla participação de pesquisadores, realizadores e artistas (veja a programação deste ano aqui). O painel coordenado pela Sandra foi voltado para discussão sobre a metodologia WHAT IF IT, que vem sendo desenvolvida por ela a partir da experiência do !F Lab nos últimos quatro anos, com a presença de profissionais renomados na área como Mike Robbins.

Sandra criou o !F Lab como um programa de treinamento que adota princípios de storytelling e métodos ágeis, orientado pela abordagem de Desing Thinking. Entre 2015 a 2017, o programa foi realizado pelo IDrops financiado pela UE, em paralelo a uma pesquisa voltada para experimentar melhorias correlacionadas de forma cíclica. Os workshops aconteceram cada ano em uma localidade da Europa, visando apoiar “non-fiction storytellers” para idealizar e desenvolver suas narrativas interativas e imersivas usando plataformas digitais como a Internet, dispositivos móveis, óculos de Realidade Virtual ou Realidade Aumentada ou ambientes imersivos. Entre 2015 e 2017, !F Lab atendeu 60 projetos participantes de 25 países e criou uma verdadeira comunidade de !Flabbers que contiua ativa e em contato via mídias sociais.
Desde a primeira edição do !F Lab, em 2015, o programa foi importante para testar e adaptar as atividades da metodologia proposta e mapear os momentos chave de desenvolvimento interativa, mesclando com princípios de User Centered Design, metodologias ágeis e conhecimento e práticas de storytelling. O resultado é que foi chamado de WHAT IF IT – uma metodologia para concepção e desenvolvimento de projetos interativos e imersivos, lançada no !F Lab 2017. Esta consiste em dois workshops de cinco dias (Story Booster e Prototype Booster) e uma série de cards e canvas que serviram como um passo a passo estruturante do processo, como resultado dos quatro anos anteriores de atividades e pesquisa-ação. O painel “The What IF IT process” no i-docs apresentou e discutiu a metodologia, os avanços e desafios de sua aplicação com coaches e participantes da mesma na mesa. Ficou evidente o desafío que representa, para os participantes vindos do campo do Storytelling e audiovisual, a mudança de mentalidade de um processo criativo centrado no autor para um processo criativo centrado no usuário.

Além da participação no I-docs 2018, a visita ao Reino Unido também teve uma visita ao Digital And Interactive Storytelling LAB, programa de mestrado da University of Westminster, criado por Sandra Gaudenzi. Na ocasião, nós elaboramos o primeiro esboço da oficina que será oferecida em setembro no Rio de Janeiro na Mostra Bug. Até lá, participarei como coach e pesquisador nos workshops do !F Lab de 2018 em maio e julho. Passarei mais detalhes aqui adiante sobre essa experiência.