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!F LAB e Metodologia WHAT IF IT

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Na primeira quinzena de maio e na primeira semana de julho, tive uma das experiências mais interessantes como coach e pesquisador ao participar dos módulos Story Booster e Prototype Booster do !F Lab na Europa, coordenados por Sandra Gaudenzi. Essa possibilidade foi viabilizada pelo projeto de pesquisa !F Bug Lab, financiado pela British Academy. Este post faz parte de uma série que conta essa experiência e aponta os desafios encontrados.

O !F Lab é baseado na metodologia WHAT IF IT. O processo começa perguntando o que (WHAT) é o principal conceito do projeto? A partir de então questiona a interatividade (I), formula (F) os impactos desejados, para idealizar (I) o protótipo e finalmente testá-lo (T), antes de começar o ciclo de novo. É baseado em design thinking para ajudar os criadores e produtores a encontrarem a melhor plataforma e estratégia de comunicação interativa para alcançar seus objetivos e suas narrativas atinjam a target audience. O WHAT !F IT consiste na repetição reiterativa de cinco fases. Em breve, o !F Lab disponibilizará em seu website um KIT que possibilita a qualquer um reaplicar a metodologia em seus projetos.

Como abordagem de User Centred Design em um contexto de storytelling, o desafio é para os participantes é o mind shift: ao invés de se partir do desejo autoral de se contar a história de determinada forma, é preciso começar pelas necessidades do usuário. O conceito da forma de interatividade emerge naturalmente por si mesmo. Essa abordagem do processo criativo é muito diferente daquela em que jornalistas, diretores de cinema ou documentaristas foram treinados. Para guiar os participantes nesse processo, a metodologia segue uma série de Cards e Canvases. Os cards são mini lições oferecidas pelos coaches, enquanto os canvases são exercícios práticos concebidos para ajudar as equipes a tomarem decisões para seus projetos antes de se moverem para os passos seguintes.

No primeiro módulo do programa, o workshop de 5 dias Story Booster, os participantes colocam ênfase nas questões que destacam qual (WHAT) é sua história (storytelling)?; quem (WHO) é sua audiência?  (user centred design); porquê (WHY) deveria ser interativo? (technology). A quarta parte do mapa conceitual tem a ver com os impactos desejados: porquê (WHY) seu projeto é relevante para você (participante) e o que você deseja que sua audiência saiba/sinta/faça depois de experimentar seu projeto? A questão central é coerência entre história, design, audiência e impacto. Os participantes constroem uma Persona, um user-empathy map, user journey e wireframes, fechando com o paper prototype que é testado no contexto do !F Lab, entre os demais participantes.

Dois meses depois, todos se reuniram novamente para o Prototype Booster, onde o paper prototype de cada é transformado em digital prototype: a primeira representação visual interativa de seus projetos. Esse workshop funciona como um hackathon onde os participantes contam com a colaboração de designers e creative technologists. O produto final é apresentado para uma banca de profissionais do mercado, possíveis financiadores ou produtores. 

Paper Prototype

Em paralelo às atividades de coach, junto com Sandra, fizemos uma série de entrevistas aos participantes onde buscamos entender a história e os desafios de cada projeto. Além disso, baseado na perspectiva teórica da effectuation, que destaca a importância dos recursos no processo de tomada de decisão de empreendedores de sucesso, tentamos entender de forma ampla qual o papel dos recursos financeiros, parcerias, habilidades técnicas e equipamentos no desenvolvimento do projeto. Essa pesquisa foi importante para subsidiar a concepção do !F Bug Lab, a versão do !F Lab que nós realizaremos em setembro no Rio de Janeiro no âmbito da Mostra Bug. O desafio é tentar ampliar o alcance de aplicação da metodologia WHAT !F IT.

André Paz
André Paz é professor da UNIRIO, pesquisador, diretor e produtor. Faz pós doutorado sobre narrativas interativas (UFRJ) e dirige projetos de documentário interativo.